POR MITSI GOULIAS
Como consigo um bom desconto na
passagem aérea?
O primeiro passo é programar a viagem para a baixa temporada (de março
a junho e de setembro a novembro), quando o bilhete custa até 40% menos
do que na época de férias. Depois, dê preferência aos vôos nos dias
de semana: eles têm passagens 5% mais em conta. Algumas companhias
reduzem as tarifas nas rotas em que os aviões usam aeroportos mais
afastados do centro da cidade. É o caso da British Airways nos vôos
que pousam em Luton e Gatwick, próximos de Londres. Grupos de, no mínimo,
dez passageiros também conseguem preços até 20% mais econômicos em
empresas aéreas como a United Airlines e a Swissair.
Viajar com um pacote sai mesmo
mais barato?
Sim. E por uma regra elementar de mercado: quem compra em grande
quantidade, sempre consegue melhor preço. No caso, as agências de
viagem que negociam com as companhias aéreas e os hotéis. Isso
significa que você vai pagar pelo pacote completo o mesmo que gastaria
só com a passagem adquirida num balcão de empresa aérea. Mas, atenção:
quem opta por um pacote, perde a liberdade de mudar o roteiro da viagem.
Dá para economizar na
hospedagem?
Quem viaja na baixa temporada, ganha descontos de até 50% na diária.
Resorts oferecem promoções de segunda a quinta-feira; já os hotéis
mais afastados do Centro sempre são proveitosos para seu bolso. Em
geral, pertencem a cadeias econômicas como Ibis e Mercure. Na capital
francesa, o hotel Ibis Cambronne, a 200 metros da Torre Eiffel, custa
US$ 78 por dia para o casal; já o Bagnolet, da mesma cadeia, mas
distante 15 minutos da torre, tem diária de US$ 50. Albergues e pensões
bed & breakfast têm tarifas 40% mais em conta do que os hotéis de
mesma categoria (ou seja, duas-estrelas). Alguns albergues chegam a se
destacar pela qualidade do serviço, caso do Le d'Artagnan (www.fuaj.org), em Paris, na França; e do
Sydney Central (www.yha.com.au), em Sydney, na Austrália. E mesmo em paraísos como a Polinésia
Francesa, há guest houses que cobram US$ 50 por dia (www.tahiti
tourisme.com).
Terei de me alimentar tal qual um
monge franciscano?
Não, a menos que esteja fazendo penitência. A dica é se tornar freguês
do menu do dia - na Espanha, por exemplo, uma refeição com salada,
prato quente, pão, vinho e sobremesa custa cerca de US$ 8. Restaurantes
que funcionam com bufê self-service também são recomendados para quem
deseja controlar os gastos. Para beber, peça um copo de vinho ou
aperitivo regional em lugar dos destilados. E, se achar caro, dispense o
couvert, sem constrangimento.
O que faço para controlar os
gastos extras no hotel?
O mandamento número 1 do viajante econômico orienta: resista às tentações
do frigobar. Pelo conforto de tomar um refrigerante gelado no quarto,
você vai desembolsar cinco vezes mais dinheiro. Faça compras no
supermercado e abasteça a geladeira. É um direito seu. O mesmo vale
para o serviço de lavanderia do hotel: em seu lugar, use e abuse das
lavanderias self-service da cidade que visita, sempre mais em conta.
Ligações telefônicas no quarto? Se for mesmo urgente, faça uso do
telefone público do lobby do hotel.
Quero aproveitar ao máximo o
transporte coletivo. O que devo fazer?
Utilize os passes turísticos. Além de pagar menos para andar de ônibus
e metrô, você ganha descontos em museus e restaurantes. O London Pass,
por exemplo, tem validade de um a seis dias e preços de US$ 35 a US$
130 (www.londonpass.com). Ele vem junto de um guia, com mais de 60 atrações da capital
inglesa. Em Munique, na Alemanha, o Munich Welcome Card permite usar
todos os meios de transporte público, com abatimento de até 50% em
passeios de carruagem e aluguel de bicicleta, entre outros (www.munich-tourist.de). Preço: US$ 14. Os passes são adquiridos nos postos de informações
turísticas, agências de viagem e pela internet.
Devo desistir de fazer compras?
Não, apenas dirija seu olhar na direção certa. Além dos mercados de
pulgas, brechós e ruas de comércio alternativo - como o bairro de
Camden Town, em Londres -, fique atento às liquidações e, sobretudo,
aos outlets. São lojas de ponta de estoque, onde artigos de grife alcançam
descontos de mais de 60%. Em Orlando, Estados Unidos, vá ao Premium (www.premiumoutlets.com) e ao Belz (www.belz.com). Em New Jersey, perto de Nova
York, faça questão de conhecer os outlets de Woodbury (do mesmo grupo
do Premium, em Orlando) e Secaucus (www.secaucusoutlets.org). Outros sites recomendados são o www.tangeroutlets.com e o www.outletsonline.com. O primeiro traz endereço, telefone, horário de funcionamento e
outras informações úteis sobre as principais pontas de estoque dos
Estados Unidos. Já o segundo faz o mesmo tipo de divulgação dos
outlets de todo o mundo.
É possível conhecer as atrações
de uma cidade, sem estourar o orçamento?
Em qualquer parte do mundo, fazer bons programas não significa ter de
gastar os olhos da cara. Como descobrir o mapa da mina? Uma das maneiras
é comprar revistas locais, do estilo da Time Out. Nas edições de
Londres e Sydney, por exemplo, ela publica a relação semanal do que
vai rolar de graça em cada uma dessas metrópoles. Saiba também que
você pode apreciar alguns dos melhores acervos do mundo sem gastar 1
centavo. Veja o caso de Paris. No primeiro domingo de cada mês, a
entrada é franca no Louvre e nos principais museus da cidade. Em
Londres, a National Gallery e o British Museum têm livre acesso todos
os dias. Na Espanha, os museus são gratuitos a partir das 14 horas do sábado.
Outros programas agradáveis (e gratuitos) em metrópoles como Nova York
são os concertos gospel, aos domingos, nas igrejas do Harlem, e os
shows no Central Park (www.centralpark.org). Agora, até mesmo o passeio imperdível de uma metrópole tem preços
diferenciados. Em Paris, um cruzeiro pelo rio Sena, com direito a jantar
e vinho, custa US$ 76 por pessoa. Mas dá para fazer o mesmo roteiro, em
uma hora, gastando apenas US$ 6 (www.bateaux-mouches.fr).
Quero ir a um show. Onde consigo
ingresso em conta?
Em várias metrópoles, é rotina a venda de entradas para espetáculos
musicais e de teatro para o mesmo dia, com preços 50 % mais econômicos.
Em Nova York, a TKTS vende esse bilhete para os shows da Broadway na
Times. Em Paris, o mesmo acontece no Kiosque-Théatre (Place de la
Madeleine 75 002 ou Parvis de la gare Montparnasse 75 015); e, em
Londres, no Clock Tower Building (Leicester Square, WC2).
Quanto devo dar de gorjeta e não
levar fama de pão-duro?
Cada país é um caso. Na Inglaterra, por exemplo, acrescente 12,5% na
conta do restaurante. Na França, a taxa desse serviço é de 3%. No Japão,
esqueça a questão, pois ninguém dá gorjeta. Já nos Estados Unidos,
prepare-se para distribuir gratificações a torto e a direito, com exceção
dos resorts all-inclusive, onde esse tipo de gasto já faz parte do
pacote e os funcionários são orientados a não aceitar gorjetas. Mesmo
assim, alguns serviços têm gratificações consideradas universais:
para os garçons, 15% sobre o valor da conta; carregadores do aeroporto
e do hotel, US$ 1 por mala; motoristas de táxi, de 10% a 15% do valor
da corrida; camareira, US$ 1 por dia; porteiro, US$ 2 por chamar um táxi
e guia, US$ 50 por grupo. O site www.tipping.org vai ajudá-lo a obter outras dicas sobre gorjetas de acordo com o
serviço oferecido. Leve sempre notas miúdas na carteira ou será
obrigado a gastar mais do que queria na hora da gratificação.
Como não perder dinheiro na hora
de fazer o câmbio?
Se for visitar vários países numa única viagem, leve dólares, a
moeda de câmbio mais fácil. Se o seu passeio ficar restrito a um país,
tente sair do Brasil com a moeda local para perder menos com as taxas
cambiais. Ao fazer o câmbio no exterior, procure os bancos - eles
oferecem a melhor cotação. Um aviso: saiba que o pior câmbio é o das
estações de trem e dos aeroportos. Nesses lugares, você deve trocar
apenas o necessário para as despesas mais urgentes. Fique longe das
casas de câmbio que funcionam próximo dos pontos turísticos - além
da cobrança de comissões salgadas, elas são alvo de assaltos. Última
recomendação: no fim da viagem, lembre-se de substituir as moedas
estrangeiras por notas. Afinal, nem mesmo no free shop você vai
conseguir se livrar delas.
As promoções para jovens ou
para a terceira idade valem mesmo a pena?
Estudantes de até 25 anos ganham descontos de shows a passagens aéreas,
apresentando as carteiras internacionais da União Nacional dos
Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes (UBES). Já a
carteira GO25 garante descontos apenas na Europa para os de mesma faixa
etária. Essas carteiras custam, em média, R$ 20 e têm validade de um
ano. Podem ser adquiridas no STB (www.stb.com.br), na Associação dos Albergues da Juventude (www.hostel.org.br), na UNE ou na UBES (http://estudantenet.zip.net). Viajantes da terceira idade também têm direito a benefícios ao
redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, passageiros com mais de
62 anos pagam 15% a menos em viagem de trem pela Amtrak.
Como consigo ser econômico ao
alugar um automóvel?
Um bom começo é fazer a reserva no Brasil, onde as locadoras oferecem
tarifas promocionais em reais e melhores condições de pagamento.
Escolha um modelo simples, com seguro básico (ele cobre danos por colisão
e roubo). Entregue o carro com o tanque cheio - as locadoras cobram um
valor bem mais alto do que o dos postos de gasolina. Se você for para a
França e pretender usar um carro por mais de 17 dias, vale a pena fazer
um leasing. Ele vai custar quase a metade do preço da locação de um
carro usado e tem a vantagem de colocar um modelo zero- quilômetro em
suas mãos. No Brasil, há empresas especializadas em rastrear as
melhores tarifas do mercado internacional, como Mobility-Online (tel.:
0800-160525), Holiday Autos (tel.: 0800-998262) e Auto Europe (tel.:
21/2215 4437).
O que é melhor: dinheiro em espécie,
cartão de crédito ou traveller check?
Em época de dólar nas alturas, prefira pagar suas despesas com o cartão
de crédito. O valor da moeda americana está superestimado e os
especialistas garantem que a tendência é de queda até o fim do ano.
Assim, existe a possibilidade de você conseguir melhor cotação no
momento do vencimento de sua conta. Se tiver mais de um cartão, melhor
ainda. Você não correrá o risco de estourar o limite, gerindo os
gastos de acordo com a data de cobrança de cada cartão. Uma sugestão:
leve cerca de 20% do que planeja gastar no exterior em traveller checks.
Há sempre a vantagem do reembolso no caso de perda ou roubo.
De que modo posso entrar em contato com
minha família sem gastar uma fortuna?
Abuse dos cybercafés para contar as novidades da viagem por e-mail. Você
encontra o endereço de vários desses cafés no mundo inteiro em sites
como www.netcafeguide.com e http://cybercaptive.com. Em Nova York, por exemplo, navegue de graça nos computadores do
centro de apoio aos turistas da Times Square (Broadway 1 560, entre as
ruas 46 e 47) e em bibliotecas públicas como a Mid Manhattan Library
(Quinta Avenida 455). Se preferir telefonar, utilize os cartões pré-pagos
(eles são vendidos em tabacarias, bancas de jornal etc.). Além de mais
baratos, permitem o controle total sobre as despesas. Nem pense em ligar
do quarto do hotel, pois as taxas são altíssimas: cerca de 25% sobre a
tarifa normal de um telefonema. Alguns hotéis chegam a aplicar essa
taxa mesmo nas ligações a cobrar. Opte pelo telefone público do hall
do hotel.
Existe algum truque para ter
controle sobre os gastos durante a viagem?
Para administrar as despesas, nada substitui o planejamento. Faça um cálculo
de quanto pretende gastar por dia com refeições, transporte e
passeios. Depois, acrescente a esse total uma determinada quantia para
situações de emergência. Durante a viagem, anote os gastos e avalie
diariamente em que pé está seu orçamento. Vez por outra, conte o
dinheiro e confira quanto ainda sobra. Não é uma rotina agradável.
Mas evita o pior.ss
Se o dólar está em alta, onde
ele pode valer mais?
Nos países que utilizam outra moeda que não seja a americana. Isso
porque o dólar teve, nos últimos meses, uma enorme valorização em
razão da desaceleração da economia mundial. Assim como aconteceu no
Brasil com o real, as moedas dos países da Europa, Ásia e América
Latina perderam o poder de compra e os produtos ficaram mais baratos
para quem carrega dólares na carteira. Hoje você é capaz de jantar
maior número de vezes em restaurantes da Europa do que dos Estados
Unidos.
Passes aéreos ou de trem sempre
compensam?
Sim. Os passes aéreos são ótimos para viagens por países extensos
como Estados Unidos, Canadá e Austrália. Eles são vendidos com um mínimo
de três cupons - e o máximo de oito. Cada cupom corresponde a uma
viagem, tanto faz a rota escolhida. O passe aéreo mais econômico da
United Airlines, por exemplo, tem três cupons e custa cerca de US$ 462.
Você pode voar de Los Angeles a Miami, vôo que custaria normalmente
US$ 995, com a vantagem de ter ainda duas viagens para aproveitar. Já
os passes de trem compensam, quando a viagem inclui destinos distantes
entre si. No exemplo da rota Berlim-Amsterdã-Bruxelas-Paris-Madri, o
viajante vai pagar US$ 486, se usar o passe de trem Europass. Mas, se
comprar cada trecho em separado, a despesa subirá para US$ 557. Compre
tudo no país. Sai em conta.
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